Diversidade e inclusão: promovendo na cultura interna e externa da sua startup

Laura Salles, CEO e cofundadora da Plurie br, compartilha dicas para lideranças que querem implementar a diversidade e inclusão em suas startups e aproveitar as vantagens competitivas atreladas a esses dois valores.

Muito se fala sobre como a diversidade e a inclusão podem promover inúmeros benefícios e aumentar a vantagem competitiva de uma startup.

Um exemplo de como isso acontece é quando esses valores aumentam as chances de uma marca se conectar e conquistar clientes: uma pesquisa realizada pela Locomotiva mostra que empresas que se posicionam em prol dos direitos das mulheres tem o apoio de 80% da população – um sentimento que pode ser revertido em vendas ou na contratação de serviços.

Além disso, empresas diversas são mais saudáveis, produtivas, lucrativas, inovadoras e colaborativas, de acordo com um estudo realizado pela OIT e pela consultoria McKinsey.

Mesmo sabendo de todos esses benefícios, muitas lideranças ainda têm dúvidas na hora de dar os primeiros passos para impulsionar a diversidade e inclusão na cultura organizacional de suas empresas, assim como a melhor forma de posicionar esse engajamento diante do público externo.

Convidamos Laura Salles, cofundadora e CEO da edutech Plurie br, para esclarecer essas questões, compartilhar cases de sucesso e dicas valiosas sobre como promover a D&I na sua startup. Confira:

O papel da educação na busca pela D&I

Garantindo a diversidade e a inclusão internamente

Promovendo esses valores externamente

Um guia prático para cumprir essa missão

 

O papel da educação na busca pela D&I

A Plurie br funciona como uma plataforma de streaming com conteúdos sobre diversidade e inclusão voltados para o mercado B2B. Laura explica que a solução nasceu para cobrir um GAP muito grande que existe no ecossistema: as empresas começaram a ter uma consciência maior na parte de contratação de pessoas pertencentes a grupos minorizados, mas nem sempre a inclusão está acontecendo.

“A Plurie nasce exatamente para que a inclusão e a diversidade sejam efetivas. Caso contrário, acontecem as vagas afirmativas, as pessoas são contratadas, mas o turnover vai só crescendo porque o clima organizacional e a cultura não são inclusivos”, ela explica.

A startup realiza um diagnóstico e define a maturidade da empresa em relação a: equidade de gênero, raça e etnia, LGBTQIA+ , pessoas com deficiência e gerações. A partir daí, realiza um trabalho de estratégia de diversidade e inclusão, incluindo capacitação, construção de métricas e programas sólidos – para promover uma educação contínua.

Por que o mercado B2B?

A fundadora da Plurie br explica que a população brasileira ainda não é refletida no meio corporativo. “Nós, mulheres somos 52% da população! Estamos vendo esse 52% em c-leves e CEOS no Brasil? Basta olhar a lista que saiu agora na Forbes dos CEOS com os maiores salários do Brasil, são 10 homens, brancos, héteros e CIS.”

 

“As empresas têm um papel essencial nessa agenda. Quando olhamos para o número de mulheres negras em cargos de liderança, não chega nem a 3%. Quando olhamos para a diversidade e inclusão percebemos que ainda temos um caminho grande a ser percorrido por uma população tão diversa quanto a nossa no Brasil.”

Laura Salles, cofundadora e CEO da Plurie br

 

Além disso, ela acredita que educação e empregabilidade são os valores capazes de ajudar nosso país a ter mais inclusão e fortalecer realmente os grupos minorizados. “Aumentando a empregabilidade, há um avanço no poder econômico das famílias e, com isso, um fortalecimento desses grupos”, afirma a empreendedora.

 

Garantindo a diversidade e a inclusão internamente

Segundo a CEO, para que uma empresa seja realmente diversa e inclusiva, é necessário que essas pautas sejam tratadas como uma área da empresa, com objetivos e metas, a exemplo do que é feito nas áreas de vendas e financeiro, e não apenas como um tema para conversas.

 

“Debater esses temas, criar grupos de afinidade também são ações essenciais, mas o ponto de partida interno é definir metas! Entender aonde a empresa quer chegar, e que a diversidade e inclusão devem ter a mesma seriedade que seus outros objetivos.”

Laura Salles, cofundadora e CEO da Plurie br

 

Além disso, ela dá outras 3 importantes dicas:

1 – Engajamento da liderança: Laura acredita que esse é um ponto crucial para que essa pauta aconteça e evolua dentro de uma corporação.

Seguindo o mesmo raciocínio, “Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero” é o Princípio 1 da cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups criada pela WE Impact, ONU Mulheres e Gema Consultoria em Equidade. O material também ensina mecanismos concretos para colocar essa intenção em prática.

2 – Definição de metas: estabelecer e divulgar com o time os OKRs e KPIs de diversidade e inclusão. “Assim, todas e todos podem entender aonde a empresa quer chegar e contribuir com esses objetivos”, ressalta.

Nesse sentido, ela cita o case de um de seus clientes, a Gympass. A startup foi uma das primeiras a atrelar OKRS e KPIS de diversidade aos bônus da liderança. A estratégia funcionou muito bem e os resultados vêm se destacando.

“Hoje, praticamente toda a equipe da startup vem participando ativamente das ações de D&I. Existe interesse e troca, dá para perceber que esses valores são intrínsecos à marca e sua cultura organizacional”, relata Laura.

3 – Rever o código de ética e conduta: pensar em “Como vamos incorporar esses valores como base da empresa?” é uma boa forma de começar a desenvolver esse ponto.

4 – Promover a educação contínua: sempre promover debates sobre diverisdade e inclusão com o time e criar iniciativas pensando em uma constante evolução sobre o tema dentro da corporação.

“É muito comum uma empresa começar a trabalhar a diversidade e lembrar dela apenas em março, que é o mês da mulher; em junho, que é o mês do orgulho LGBTQIA+; e em novembro, que é o mês da Consciência Negra. E os outros meses? O que é feito para que essas pautas sejam contínuas? ”, questiona.

A educação também deve ser pensada como forma de letramento sobre esses temas e de potencializar talentos dentro da organização.

Esse tipo de abordagem pode ser realizada tanto com aqueles que ocupam cargos de tomada de decisões, para que se possa criar uma liderança inclusiva, quanto para colaboradoras e colaboradoress.

 

“Pensar em diversidade não é apenas criar vagas afirmativas, mas também pensar em como desenvolver a pessoa que está chegando como analista, para que se torne C-level no futuro.”

Laura Salles, cofundadora e CEO da Plurie br

 

Promovendo esses valores externamente

Para startups que desejam comunicar seu engajamento com essas causas, a dica principal é: “esse processo acontece de dentro para fora! Ao criar uma cultura organizacional que reflita a diversidade e inclusão, ela vai transparecer em tudo o que a empresa faz”, explica Laura.

Um passo que pode impulsionar esse reconhecimento é a divulgação de metas e resultados ligados à diversidade e inclusão. Além disso, essa atitude pode causar um impacto positivo ainda maior ao inspirar outras startups a se engajar na causa.

Isso também pode acontecer por meio de colaboradores influenciadores: pessoas que compartilham sua rotina de trabalho em redes sociais como LinkedIn e Instagram. “Se você vive uma cultura inclusiva,o time vai falar, e essa empresa vai ficar conhecida por isso”, reforça a CEO.

Indo além da divulgação e construção da marca, é possível que a cultura seja refletida nos produtos e serviços da empresa. A dica para isso é contratar pessoas diversas, que irão contribuir com visões e experiências diferentes no desenvolvimento dessas soluções.

Como exemplo, Laura cita o próprio time da Plurie br:

 

“Pensando em pessoas com deficiência ou em gerações, existem muitas coisas que são fundamentais para elas, mas não passam pela nossa cabeça. Na Plurie, por exemplo, temos uma pessoa 60+ que traz essas questões. Se estamos desenvolvendo um aplicativo, ela comenta: isso aqui não está claro, essa letra está muito pequena…”

Laura Salles, cofundadora e CEO da Plurie br

 

Um guia prático para cumprir essa missão

Se você quer continuar avançando na promoção da diversidade e inclusão na cultura interna e externa da sua startup, temos o conteúdo perfeito: a cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, produzida pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e Gema Consultoria com base nos WEPs – Women’s Empowerment Principles.

 

 

O material, que apresenta orientações e ações práticas que as empresas possam adotar para promover esses dois valores em todas as suas fases de desenvolvimento, completa 1 ANO no mês de julho!

No dia 26 de julho de 2022, às 17h, vamos realizar um evento comemorando este marco da cartilha, que já auxiliou centenas de empreendedoras e empreendedores a aprenderem sobre equidade de gênero, diversidade, inclusão e interseccionalidade e conhecerem mecanismos práticos para inserir esses valores no DNA de seus negócios. Inscreva-se pelo link.

Sobre a entrevistada

Laura Salles

Linkedin

Tem mais de 8 anos de experiência em gestão de hospitalidade em uma rede multinacional hoteleira, já atuou na atração e seleção de talentos, operações e comunicação de startups.

Recentemente, co-fundou a Plurie br, edutech de Diversidade, Equidade e Inclusão que vem transformar o ambiente corporativo por meio da educação.