Inovação aberta: desafios, benefícios e como implementar essa estratégia

Entrevistamos Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions, para compartilhar o conceito de inovação aberta, como implementar essa estratégia e quais os benefícios e desafios do processo.

Nos últimos anos, a tecnologia se desenvolveu rapidamente e alcançou um alto índice de complexidade. Essa mudança fez com que as organizações percebessem que já não é tão simples inovar sozinhas. Junto com esse desafio, surge um maior espaço para a implementação do “open innovation” ou, na tradução para o Português, inovação aberta.

Com ela, pesquisas, novos produtos e soluções deixam de ser grandes segredos corporativos e passam a ser desenvolvidos com a colaboração de pessoas, instituições e empresas externas.

Boa parte dessa colaboração acontece entre startups e corporações. Esse relacionamento gera aprendizados e benefícios para ambas as partes: a primeira oferece tecnologia, alto potencial inovação, agilidade e um novo mindset; enquanto a segunda disponibiliza recursos, estrutura e espaço no mercado.

Para falar mais sobre essa tendência, entrevistamos Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions, iniciativa criada para acelerar a inovação dos clientes de uma das maiores empresas de transformação digital do país.

Ela explica o conceito de inovação aberta, como implementá-la na prática e compartilha quais são os benefícios e desafios do processo. Confira:

O que é inovação aberta?

Principais benefícios

Principais desafios

Dicas para corporações e startups implementarem estratégias de inovação aberta

Venture Capital como ferramenta de open innovation

 

O que é inovação aberta?

Para Armandina, o open innovation faz parte da inovação corporativa, um ciclo constante dentro das organizações em busca de soluções, processos e produtos diferentes e mais ágeis.

Ao escolher implementar a inovação aberta, as organizações passam a contar com a colaboração externa para potencializar os resultados do negócio e criar conexões que geram pensamentos diversificados.

Esse modelo gera também uma mudança de cultura, fazendo com que as empresas deixem de agir individualmente para aproveitar as especialidades de cada player: parceiros, clientes, startups, funcionários, centros de inovação, faculdades de pesquisa etc.

A executiva explica que não acredita em uma receita perfeita para isso. “Eu acho que cada setor, cada empresa, faz do seu próprio jeito. Mas, em resumo, podemos dizer que é uma colaboração de gestão empresarial”, afirma.

 

Uma das coisas que mais gosto nessa estratégia é essa colaboração e o pensar diferente! Utilizar o que eu aprendi na faculdade e implementar como startup e depois trazer para nossos clientes.

Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions

 

Os tipos de inovação aberta

Dentro da inovação aberta, existem duas categorias. Armandina explica sobre cada uma delas:

– Inbound: busca a exploração e integração de conhecimento externo de modo a melhorar a tecnologia interna. Como exemplo, podemos citar uma empresa tradicional que começa a trabalhar com uma startup.

Desse relacionamento, podem surgir retorno financeiro, novas soluções e maior economia e eficiência provenientes da digitalização da empresa, entre outros benefícios.

 

– Outbound: quando as ideias e soluções internas de uma organização são levadas para o mercado. Como exemplo, ela cita o próprio BRQ Innovation HUB, que surgiu a partir dos insights de dois colaboradores do BRQ Digital Solutions.

Há casos em que também são realizadas a concessão de licenças ou a venda de patentes, ocorrendo um movimento de saída de produtos ou serviços novos, não oferecidos até então no mercado.

 

Principais benefícios

Como já falamos, a inovação aberta pode gerar inúmeras vantagens. As primeiras citadas por Armandina são a velocidade em se trazer novos produtos para o mercado e a redução de custos.

“A gente erra mais rápido, conserta esse erro e traz os resultados certos bem mais rápido também. No final das contas, isso é inovação”, comenta.

Outro ponto é a redução de riscos. Geralmente, as iniciativas começam pequenas, então, caso “algo dê errado”, os prejuízos serão proporcionais. “Não se começa com um time de 200 pessoas, e sim com 2 ou 3 pessoas trabalhando para descobrir se o projeto vai dar certo ou não”, diz Armandina.

A inovação aberta também é uma forma de trazer tendências, insights e novas metodologias para os funcionários de uma organização. “Isso é extremamente importante porque as pessoas têm que mudar, continuar sempre evoluindo”, opina.

 

Principais desafios

É importante ter consciência de que ter acesso a essas vantagens não é tão simples. O processo de implementação da inovação aberta nas corporações também enfrenta alguns desafios.

Entre eles, estão o tempo de execução, que pode ser maior que o esperado para a liderança: “às vezes, a direção não consegue enxergar o caminho todo e quer que as coisas sejam feitas logo. Nessa pressa, o time pode acabar fazendo alguma coisa errada”, afirma a head.

Outra questão apontada por ela é o orçamento. Geralmente, as iniciativas de inovação aberta contam com poucos recursos, o que pode inviabilizar seus projetos.

A resistência de outros setores da empresa também está na lista. Muitos não entendem o valor daquele trabalho. Outros têm resistência em aceitar o diferente.

No início de sua jornada, Armandina percebia isso especialmente nas áreas de TI, mas afirma que a situação está mudando para melhor:

 

No começo, as áreas de TI questionavam ‘por que estão fazendo esse projeto com startups se conseguimos realizar internamente?’. Elas não levavam em consideração que demoraríamos meses para desenvolver a solução que uma startup já tinha pronta.

Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions

 

Dicas para corporações e startups implementarem estratégias de inovação aberta

Armandina acredita que o momento em que estamos vivendo é favorável à implementação e crescimento da inovação aberta.

Segundo ela, após meses de isolamento e restrições, as pessoas estão retornando aos espaços mais abertas a interagir e a confiar umas nas outras. E esse cenário pode intensificar a conexões entre empresas e profissionais.

Além disso, os últimos anos contribuíram com a valorização das novas soluções e inovação. Isso aconteceu devido à urgência de implementação de tecnologias e da necessidade de adaptação dos negócios durante a crise de COVID-19.

Para empresas que desejam contar com essa estratégia, as dicas da especialista são:

– Defina bem a pessoa que vai ficar responsável pela área: além de ser comprometida e ter um olhar para o negócio, deve ser alguém próximo da liderança da empresa.

“Tem que ser uma pessoa casca-grossa, porque ela vai enfrentar muito não durante sua jornada! Mas é preciso também que ela tenha carisma e jogo de cintura para abrir portas”, afirma.

– Lembre-se que os resultados não vão surgir de um dia para o outro: preocupe-se em chegar no ponto A de forma estruturada antes de pensar em chegar no ponto B.

 

Não adianta apresentar metas grandiosas! É preciso mostrar pequenos resultados que fazem a diferença, porque a inovação aberta é uma iniciativa que quebra muitos tabus na empresa.

Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions

 

Já para startups, as dicas são:

– Atente-se às datas de pagamento e nunca faça nada de graça: os prazos de pagamento em uma corporação demoram, em média, cerca de 90 dias, e uma startup pode quebrar se não receber o pagamento no tempo certo.

 

– Seja flexível e aproveite as vantagens dessa interação: essa é uma oportunidade de oferecer um trabalho personalizado. Diga: “vamos nos reunir e criar um projeto.”

E, lembre se:

Uma grande empresa que começou a trabalhar com inovação aberta já aceitou que não é perfeita. Ela entendeu que precisa das startups, dessa tecnologia, desse mercado e desses produtos.

Armandina Formoso, Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions

 

Venture Capital como ferramenta de open innovation

O investimento de risco é um dos caminhos que grandes empresas interessadas em adotar a inovação aberta podem seguir para se conectar com startups.

Atuando no modelo de corporate venture building, nós da WE Impact contribuímos para o desenvolvimento dessa estratégia das nossas corporações parceiras. Algumas delas são Microsoft, Multilaser, Flex e KPMG, por exemplo.

Fazemos isso na medida em que, ao buscar startups fundadas e lideradas por mulheres para integrarem o portfólio, um dos critérios utilizados no processo de avaliação para o investimento é justamente o seu potencial de resolver desafios dos corporates.

 

Dessa forma, enquanto as startups investidas se beneficiam dessa interação validando, desenvolvendo e expandindo seus produtos, as empresas parceiras passam a ter acesso direto a suas soluções tecnológicas e inovadoras.

Esses produtos e serviços podem virar projetos em conjunto e serem incorporadas ao seu negócio, seja para resolver um problema da sua cadeia produtiva, influenciar sua cultura organizacional ou acessar novos mercados, entre muitas outras possibilidades.

Como grande diferencial, ainda trazemos para este ambiente a oportunidade de promover a equidade de gênero. Além de levar o potencial de inovação ainda mais longe, a responsabilidade social é outro fator que ganha cada vez mais importância para que empresas se mantenham competitivas na nova economia.

Você representa um empresa e gostaria de ter acesso a toda tecnologia e inovação das startups do nosso portifólio? Então preencha o formulário e cadastre-se como corporação parceira.

Sobre a entrevistada

Armandina Formoso

Linkedin

Executiva de Negócios com foco em Growth Marketing e Inovação Aberta, formada na Boston University com MBA na IESE Business School, conecta empresas e parceiros para desenvolvimento de novos negócios, além de ser referência background em estratégia corporativa e Marketing.

Foi fundadora do BeOn (Innovation Hub da Claro Brasil), liderou projetos inovadores na Fox, Embratel e Globosat e atualmente, é Head do Innovation Hub do BRQ Digital Solutions.