Linguagem inclusiva: um mini guia para a comunicação da sua startup

Você sabia que a forma como escrevemos ou falamos pode reforçar estereótipos ou excluir pessoas pertencentes a grupos minorizados? No nosso mini guia de linguagem inclusiva, damos algumas dicas para esse padrão não se repetir na sua startup.

Você já parou para pensar na importância de adotar uma linguagem inclusiva na sua startup? Muitas vezes reproduzidos de forma inconsciente, determinadas expressões e termos que reforçam estereótipos e/ou excluem pessoas de diferentes gêneros, orientações sexuais, idades, etnias etc. da narrativa.

Tomar consciência da influência das palavras que escolhemos usar para o sentimento de pertencimento e representatividade de integrantes do time (e do seu público consumidor) é um passo muito importante na busca pela construção de uma cultura inclusiva em uma empresa.

Esse cuidado está diretamente ligado ao que diz o Princípio 2 da nossa cartilha sobre empoderamento das mulheres em startups.

No material, produzido pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e a Gema Consultoria em Equidade, ele reforça a importância do tratamento de todas as pessoas de maneira justa no trabalho.

Além de vários outros mecanismos que ajudam a alcançar esse objetivo, indicamos a busca por manuais ou até mesmo a criação do seu próprio para garantir o uso de uma linguagem inclusiva, tanto na comunicação institucional da empresa como também no dia a dia, entre colaboradoras e colaboradores.

Essa é uma pauta relativamente recente, que está em constante processo de construção, e ainda gera muitas dúvidas.

Para ajudar empresas que desejam adotar uma comunicação alinhada à diversidade e à inclusão, reunimos boas práticas de linguagem inclusiva neste artigo. Confira:

Equidade de gênero nos discursos

Promovendo a linguagem inclusiva para além do gênero

Como incluir pessoas não-binárias

A busca pela diversidade e inclusão não termina aqui!

 

Equidade de gênero nos discursos

Para promover a equidade de gênero nos seus discursos e garantir que pessoas de todos os gêneros se sintam representadas e reconhecidas dentro da organização, existem alguns caminhos possíveis.

Vamos citar o usos de três estratégias:

1) Neutralização: substituição de termos genéricos, abstratos ou coletivos por termos neutros.

Exemplos: no lugar de “O coordenador”, opte por “A coordenação”.

Troque “Nascido em” por “Data de nascimento”.

 

2) Especificação: é uma solução para quando não é possível implementar a neutralização. Nesse caso, a estratégia é incluir as duas formas na frase.

Exemplos: “As fundadoras e os fundadores”, “os e as fundadoras” ou “fundadoras/es”.

No caso da WE Impact, quando utilizamos a especificação, optamos por mencionar os termos femininos primeiro.

 

3) Uso da palavra “pessoa”: nesse caso, a regra é simples! Em vez de construir uma frase com essa estrutura “as lésbicas, os gays, os bissexuais, os transgêneros, os intersexo”, opte por “pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgênero e intersexuais”, ou “pessoas LGBTQIA+”.

Além disso, evite utilizar a palavra “homem” para definir a raça humana, e se atente ao nome das profissões e cargos adotados na comunicação institucional da startup – principalmente àqueles com baixa representatividade feminina.

 

Promovendo a linguagem inclusiva para além do gênero

Antes de se direcionar a grupos minorizados, como na redação de vagas afirmativas, em ações de diversidade e inclusão e em publicações reconhecendo suas lutas e diretos, é importante entender quais termos são considerados ofensivos e quais são as preferências das próprias minorias em questão.

Alguns bons exemplos são:

– Pessoa negra ou afrodescendente.

– Além disso, evite expressões como: “A dar com pau”, “Nas coxas”, “Denegrir”, “Mulata/o”, “Criado-mudo”, “lista negra”, “mercado negro”, pois elas têm origem racista ou reforçam o preconceito racial ao associar a cor negra a coisas negativas.

– Pessoa de origem asiática ou asiático.

– No lugar de “índio” ou “índia’‘, utilize a palavra “Indígena”: ela significa “originário, aquele que está ali antes dos outros”, e valoriza a diversidade de cada povo.

– Pessoa com deficiência, o termo adotado pela ONU. O uso as expressões “pessoa portadora de deficiência” ou “pessoa com necessidades especiais” não é recomendado.

– Ao se comunicar com pessoas da comunidade LGBTQIAP+, utilize o termo “orientação sexual”, e não “opção sexual”.

 

Também é importante conhecer o significado de cada letra da sigla:

– Lésbicas: mulheres que sentem atração sexual e afetiva por outras mulheres.

– Gays: homens que sentem atração sexual e afetiva por outros homens.

– Bissexuais: pessoas que sentem atração sexual e afetiva por homens e mulheres.

– Transexuais: pessoas que assumem o gênero oposto ao de seu nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico, e não ao físico, pois nestes casos pode ou não haver mudança fisiológica para adequação.

– Queer: pessoa que não é heterossexual ou cuja sexualidade ou identidade de gênero muda com o tempo; pode se refir também a alguém que está explorando sua sexualidade ou gênero.

– Intersexo: pessoa que nasceu com características sexuais (como genitais ou cromossomos) que não se enquadram nas categorias binárias masculinas ou femininas.

– Assexual: pessoas que não possuem interesse sexual. Por vezes, esse grupo pode ser também arromântico ou não, ou seja, ter relacionamentos românticos com outras pessoas.

– Pansexual: pessoas que desenvolvem atração física, amor e desejo sexual por outras pessoas independentemente de sua identidade de gênero.

– +: abrange as demais pessoas da bandeira e a pluralidade de orientações sexuais e variações de gênero.

 

Como incluir pessoas não-binárias

Quando falamos de pessoas não-binárias, uma maneira de adotar uma linguagem mais inclusiva é evitando usar apenas o masculino ou feminino na hora de se comunicar.

Além da neutralização, que já citamos acima, algumas opções são:

 

– Uso do sistema ELU: nesse caso, o “a” ou “e” no final dos pronomes é substituído por um “u”.

Exemplos: em vez de “ele” ou “ela”, utiliza-se “elu”; e “dele” ou “dela” fica “delu”.

Para palavras terminadas em “a” ou “o”, utiliza-se o “e”.

Exemplo: “linde”.

Além disso, em momentos em que o “e” sinaliza o masculino, utiliza-se “ie”.

Exemplo: “professories”.

 

Uso do pronome ILE: substitui os pronomes “ela/ela” e “dela/dele” por “ile” e “dile”.

O “X” ou o “@” também já foram bastante usados no lugar do “e”. Nesse caso, a grafia ficava “todxs” e tod@s”.

Porém, essa prática acaba não sendo tão inclusiva, já que alguns leitores ortográficos utilizados por pessoas com deficiência visual desconsideram palavras com esses caracteres, dificultando sua compreensão.

 

A busca pela diversidade e inclusão não termina aqui!

Além de adotar uma linguagem inclusiva, existem outros passos que você deve botar em prática para promover a diversidade e inclusão na sua startup!

Engajar a liderança, realizar capacitações, medir, documentar e publicar os progressos são algumas ações importantes nesse processo.

A cartilha Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups, produzida pela WE Impact em parceria com a ONU Mulheres e Gema Consultoria com base nos WEPs – Women’s Empowerment Principles, fala exatamente sobre isso.

 

Baixe e confira o material que apresenta orientações e ações práticas para promover esses dois valores em startups em todas as fases de desenvolvimento.

WE Impact

Linkedin